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a essência - #ed14

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    du
  • 9 de jun.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 26 de ago.


continuando nossa jornada que partiu do minimalismo, vamos tratar agora do essencialismo.....




♦ duas filosofias, origens distintas ♦


sim, é isso mesmo: essencialismo e minimalismo não são a mesma coisa e não têm a mesma origem, embora compartilhem, de algum ponto de vista e de características semelhantes...


enquanto o minimalismo tem sua origem na arte, o essencialismo chega até nós como filosofia, através de aristóteles... para este filósofo grego, cada coisa possui uma "essência" - aquilo que a torna o que ela é, sua natureza fundamental, sem a qual deixaria de ser o que é...


quando ele perguntava "o que faz uma mesa ser uma mesa?", ele buscava a essência daquele objeto, para além de suas características acidentais como cor, tamanho ou material.....


essa busca pela essência das coisas é o coração do pensamento essencialista...


nesta filosofia, as necessidades são colocadas de lado, frente a essencialidade própria de algo.....


o foco não está no "quanto" precisamos, mas no "que" realmente importa....




♦ do pensamento filosófico ao estilo de vida ♦


assim como o minimalismo transborda da arte, o essencialismo também o faz em um estilo de vida da contemporaneidade, como uma postura simplificadora e redutora do consumo.....


greg mckeown, em seu livro "essencialismo: a disciplinada busca por menos", define o essencialismo moderno como "a busca disciplinada por menos, mas melhor"...


não se trata apenas de reduzir, mas de discernir o vital do trivial, o significativo do supérfluo.....


porém essa característica semelhante entre os dois estilos, se aplicam ligeiramente diferente, enquanto na primeira consumimos o mínimo necessário, na segunda consumimos o essencial......


pode parecer conceitos, à primeira vista, iguais, mas não o são...




♦ um exemplo revelador ♦


vamos exemplificar: do que você precisa para beber algo???


se pensarmos como mínimo necessário, diria apenas um copo, ou ainda um gesto de cuia feito com as mãos.....


contudo, isso é igual para todas(os)??? é como todas(os) se sentem confortáveis?????


neste caso precisamos sair do mínimo para o essencial.... e este parâmetro não é mais generalista, mas particular...


pense no caso de uma pessoa que não têm os braços, ou em uma(m) corredora(or) em meio a uma maratona, ou uma(m) astronauta em sua roupa espacial, as necessidades essenciais de cada realidade passam a ser diferentes, segundo as condições e os caminhos vividos por cada uma(m).....




♦ a dimensão pessoal do essencial ♦


a essência tem um quê de individual que o mínimo não tem.....


é ela a responsável por complementar o minimalismo, dando características únicas de cada indivíduo para o seu mínimo.....


o mínimo a se ter em casa para beber algo é um copo, mas se minha essência é receber e estar em convívio coletivo com amigas(os) ou familiares, um copo não será o suficiente....


aqui encontramos o ponto onde o essencialismo se distingue mais claramente do minimalismo: sua profunda conexão com nossa identidade e valores pessoais.....


não se trata apenas de ter menos, mas de ter o que realmente ressoa com quem somos...




♦ essencialismo e autenticidade ♦


o filósofo martin heidegger falava sobre "autenticidade" - viver de acordo com nossa verdadeira natureza, não determinada pelas expectativas sociais.....


o essencialismo contemporâneo dialoga profundamente com esse conceito...


quando nos perguntamos "o que é essencial para mim?", estamos realmente questionando "quem eu sou?" e "o que realmente importa na minha vida?"...


essas perguntas nos levam a um território muito mais profundo que a simples redução de posses materiais.....


simone de beauvoir, "não se nasce mulher, torna-se"..... descreve especificamente uma construção social e cultural imposta pela sociedade patriarcal, que muitas vezes é erroneamente vista como uma "essência" feminina, natural ou biológica....


da mesma forma, nossa essência não é algo fixo e determinado, mas pessoal, autêntica, que cada indivíduo constrói ativamente através de suas próprias escolhas, valores e busca por significado, para além (e muitas vezes em oposição) àquela construção social específica que beauvoir criticava como sendo imposta às mulheres.....


portanto, o essencialismo nos convida a fazer essas escolhas conscientemente, alinhadas com o que realmente somos e queremos ser...




♦ o desafio de identificar o essencial ♦


um dos maiores desafios do essencialismo é justamente identificar o que é verdadeiramente essencial em meio a tantas distrações e expectativas externas.....


vivemos em uma sociedade que constantemente nos diz o que "deveríamos" querer, ter e ser.....


como distinguir entre desejos autênticos e aqueles implantados pela publicidade, redes sociais ou pressão social???? como saber se algo é essencial para nós ou apenas um hábito que adquirimos sem questionar???


aqui, práticas contemplativas e filosóficas, como a meditação e o autoconhecimento se tornam ferramentas valiosas.....


o silêncio e a introspecção nos permitem ouvir nossa voz interior, muitas vezes abafada pelo ruído constante da vida contemporânea....




♦ aplicando o conceito ao mundo virtual ♦


um campo particularmente relevante para aplicarmos o essencialismo hoje é o digital.....


smartphones e computadores repletos de aplicativos, redes sociais, notificações, estimulos e conteúdos que competem por nossa atenção......


o essencialismo digital nos convida a perguntar: quais dessas ferramentas realmente agregam valor à minha vida???? quais conexões online são verdadeiramente significativas??? como posso usar a tecnologia de forma que ela sirva aos meus propósitos essenciais, e não o contrário?????


cal newport, em seu livro "minimalismo digital", propõe que sejamos mais intencionais em nossa relação com a tecnologia, escolhendo cuidadosamente as ferramentas digitais que utilizamos com base em seus benefícios essenciais, não em seu apelo superficial...




♦ o princípio do equilíbrio ♦


perceba que o essencialismo é um complemento necessário a um pensamento minimalista mais extremo e radical quanto a quantidades.....


mas nossa jornada sobre o que é importante, não termina aqui.....


um risco do essencialismo é nos fecharmos demais em nossa zona de conforto, rejeitando experiências novas que poderiam expandir nossa essência......


como encontrar o equilíbrio entre manter-se fiel ao que é essencial e permanecer aberta(o) ao crescimento e transformação???


essa tensão entre permanência e mudança, entre fidelidade à essência e abertura ao novo, nos leva naturalmente ao terceiro conceito de nossa trilogia: o slow-living, que exploraremos no próximo texto......


até lá, pense em tudo que você tem só porque todo mundo têm, ou porque te disseram que era necessário, mas que não se conectam com a sua essência..... e encontre suas próprias verdades...


no mais, até mais!!!




espalhe estas inquietações para outras(os) e até a próxima verdade absoluta!!!!



compartilhe suas experiências nos comentários...

sua opinião é importante....



quer mergulhar em outras reflexões profundas???


no último ensaio começamos essa trilogia falando do minimalismo.....


vale a pena conferir as diferenças... [leia aqui]


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imagem retangular branca contendo apenas dois quadrados, os maiores possiveis (ficando o maior à esquerda e o menor à direita), um ponto marca o encontro do extremo desses dois quadrados com a parte que eles não preenchem. cada quadrado conta ainda com uma linha diagonal que parte do centro do seu lado superior até o canto direito do seu lado inferior

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